Chega a ser engraçado como a humanidade pode ser tão
estupida, e sim eu faço parte dela.
Toda essa papagaiada que se formou em torno da morte
repentina (como se alguma morte tivesse hora marcada para nós meros reles
mortais) do cantor Chorão (vocalista da banda Charlie Brawn Jr.) de onde
surgiram grandes críticos anônimos da música brasileira quiçá mundial, ou
ativistas e até mesmo gente a favor da desgraça alheia.
Até agora chove posts sobre o assunto, uns amam, outros
odeiam. Tem para todos os gostos. Mas é incrível como é só acontecer algo
trágico que a galera em questão de segundo começa suas manifestações, muitas
vezes bem equivocadas.
Eu já ouvi e li que o cara não era exemplo pra ninguém,
porque não passava de um drogado e esse tipo de gente não merece ser admirado.
Que brasileiro se comove com a morte de um, enquanto milhões morrem em filas
nos hospitais. Mas alguém me explica que raios tem a ver o caos da saúde
pública com a morte de um letrista/vocalista de banda de rock? Por que o cara
fazia música e tentava deixar esse país um pouco mais bonito? É crime? Por que
alguém nasceu com talento e compartilhou com milhões de brasileiros? Por que o
cara podia ser um dependente químico mas prestava trabalhos em prol de jovens
carentes?
Enfim, não sei se é só no Brasil, mas pelo menos por aqui a
galera adora um sensacionalismo, adora dar pano pra manga, adora bancar de
sabichão. E nunca consegue enxergar nada de bom. Sim, somos um país com
diversos problemas sociais, desde educação até bandido (colarinho branco) nas
cadeiras legislativas.
Sobre esses ninguém fala absolutamente nada, todos se calam.
Perdem um tempão e até dinheiro votando no Big Brother
Brasil 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 e 13 mas não gastam um minuto
assinando uma petição a favor da cassação de um politico comprovadamente
corrupto e que hoje manda no país, manda em você.
Um país que reclama da falta de educação, mas dorme no banco
de ônibus reservado para idosos e deficientes físicos só para não dar lugar. Um
país que não sabe cantar o hino nacional, mas sabe cantar tchê tchê rê rê de
traz pra frente. Um país que não investe no esporte mas permite que suas
crianças rebolem até o chão com letras pervertidas e maledicentes. Um país que
reclama da falta de saúde publica mas não perde uma hora da vida pra doar sangue.
Gente que reclama que a TV emburresse, mas tem TV em casa, gente
que reclama do Facebook mas está todos os dias lá, gente que reclama sobre a ditadura
da moda, beleza, magreza e afins mas adora uma fofoca e principalmente uma
simpatia pra emagrecer. Gente que se culpa e só fala mal do país mas não se
manda daqui, gente que reclama do transito mas não passa um dia sem carro,
gente que se diz vitima do preconceito mas não assume sua etnia e alisa os
cabelos e clareia-os. A questão não é aumentar a cadeira para que obesos caibam
é educar a população para prevenir e cuidar da própria saúde. Gente que não usa
fio-dental e reclama que dentista é caro.
Um país que tem a Lei Seca mas permite a venda de bebidas alcoólicas em
postos de combustível.
Enfim diversas maneiras de se cultivar a hipocrisia humana
embalada em papel genérico que é para parecer opinião pessoal e bater na tecla
de que gosto é igual a cú, todo mundo tem
seu!
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