Confesso que as redes sociais servem de grande inspiração
para meus textos, esse é um deles.
Também confesso que não acredito em gente cem-por-cento
feliz, elas me cansam, pelo simples fato de forçarem demais.
Parece que hoje em dia ser feliz virou um status da
time-line e não um estado de espirito.
A felicidade se posta com foto, frase (na maioria das vezes
de qualquer outro autor, menos sua), #hashtag, check-in e número de “likes”.
Parece até que a gente precisa provar, com tudo isso ai de
cima, a nossa felicidade. Desde quando começamos com isso? Porque sentimos
tanta necessidade disso? Você que nasceu nos anos 80 ou começo dos anos 90 já
parou para pensar como era a sua vida, como eram os seus dias sem o botão
“enter”? Eu lembro, o dia também durava 24 horas, mas parecia que passava tão
mais lentamente, sentíamos mais o dia não o teclado.
Vivemos o padrão da beleza, aí depois, bonito mesmo era ser
natural, hoje vivemos o padrão da felicidade. Parece que ficar triste, sentir
tristeza virou doença contagiosa, tabu. Desanimo então, é a terceira Guerra
Mundial.
Tudo bem que ninguém quer e gosta de ficar ao lado de gente
depressiva, reclamona, chata. Mas, bem mais chato que isso? Isso: “Tô de bem
com a vida, tô de bem com a vida, Tô de vento em pôpa, tô de vento em pôpa, Tô
feliz pra burro, tô feliz pra burro, Tô assim com o mundo, tô assim com o
mundo”...
Eu não sei bem, mas me parece que as pessoas que mais são
alegres e felizes (já conheci algumas), “mo vibe boa, saca?” são as que mais se
lascaram na vida ou já passaram por grandes apuros, isso me faz entender a
frase do Dalai Lama:
“O período de maior
ganho em conhecimento e experiência é o período mais difícil da vida de alguém”.
Porém esses lascados, nazarentos de uma figa, são os mais
generosos, mais felizes e mais discretos. Você apenas sente a felicidade deles
quando esta com eles ou quando lembra de alguém gente boa pra caramba.
Raramente esses fulanos tem redes sociais e se tem, dificilmente você vai vê-lo
postando foto de dentro do carro fazendo pose e tirando uma “selfie”, escrito:
um dia sem sorrir é um dia perdido... Oi? Pra mim, um dia perdido é ficar
quatro horas preso no transito de SP. Ou, Carpe diem! Tu sabe mesmo o que isso
significa? Foi buscar lá traz o que realmente a galera fazia segundo o Carpe
Diem? Viver promiscuamente não me parece uma boa ideia... enfim...
Tudo isso pra dizer com as minhas humildes palavras, que,
ficar triste, chateado, deprimido, faz parte da vida e também é um estado de
espirito. O que seria da luz sem a escuridão? Um precisa do outro e isso se
chama equilíbrio. Não precisamos postar, ops, eu quis dizer, provar, nada e pra
ninguém o quanto estamos ou acordamos felizes. Dizem que a inveja tem sono
leve, imagina se você precisa fazer tanto barulho com sua felicidade? Espalhar
felicidade é diferente de postar felicidade.
Ficar desanimado não é ser fraco e nem perdedor. Não te faz
um incapaz e sim mostra que você é ser humano, cheio de medos, duvidas,
tristezas, feito de sentimentos e enquanto mais verdadeiro forem esses
sentimentos, mais vivo você se torna e menos online você se mostra.
A felicidade não é um arquivo que você baixa, faz upload.
Ela é um exercício diário, e como todo exercício, exige esforço, provações e
atitudes. E meu amigo, esse é um percurso cheio de pedras e calos. Não acredite
na felicidade postada e nem meça sua vida ou compare com a de outra pessoa da
sua time-line, o mundo tá cheio de gente fotoshapada.
E agora estamos percebendo que aquele ator que nos fazia rir
e era exemplo de felicidade, tirou a própria vida, porque mostrar o quão
frágeis nos podemos ser, virou pecado mortal. Pelo direito as lagrimas. Porque
como minha mãe diz, é depois da tempestade que vem a bonança.