terça-feira, 25 de dezembro de 2012

RECEITA DE ANO NOVO



Para você ganhar belíssimo Ano Novo 
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa 
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade


Tudo isso aí em cima é o que desejo para você caro leitor, acorde o seu Ano Novo da melhor maneira possível e seja feliz.







terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Irmãos



Creio que irmão foi a melhor desculpa que Deus inventou para nós, reles mortais, já irmos  nos acostumando com  um dos mandamentos mais difíceis de engolir: “Amar uns aos outros como a si mesmo.” Difícil, porque  esse mandamento pelo menos desde que o mundo é mundo ou pra mim desde 1985, não é nada fácil. Todo mundo diz que ama, diz. O fato é, na verdade o ditado é: Falar é fácil.

Mas o que tudo isso tem a ver com “irmãos”? Simples, irmãos são as pessoas (além dos nossos pais), mais próximas de nós. A quem conhecemos ou nos conhecem desde o nascimento a ligação, o sangue, a aporrinhação.  E o que Deus tem a ver com isso?  Ele, miraculosamente teve a ideia genial de colocar alguém ao nosso lado muitas vezes tão diferente, muitas vezes tão parecido, mas com o único propósito: amar aquele outro ser.

Dizem que o amor e o ódio andam de mãos dadas, eu tenho certeza.  Tenho pra mim que irmãos são isso, uma mistura de amor e ódio, mas que acima de tudo queremos apenas o bem deles, e muitas vezes para desejar o bem demonstramos com ódio, não é o que dizem, que com quem mais brigamos é quem mais amamos. Jeito esquisito de viver não?!

Conversando com pessoas do meu convívio cheguei à conclusão de que ter um irmão ou irmã é o nosso treinamento para vida, para lidar com os nossos “não irmãos”. E por isso Deus, sábio como sempre, fez o irmão, aquele que sempre achamos que tem mais privilégios o mais amado o que tira sempre as melhores notas. Não importa ele é nosso espelho para vida, vamos enfrentar milhares deles por aí, mas diferente dos outros, esse, o irmão, você carrega para vida toda.













quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Quantos anos você teria se não soubesse quantos anos tem?



Todo ano, em algum certo dia do mês é o seu aniversário. O meu é dia 22 de janeiro. E, sempre que esta data se aproxima desde os meus 15 anos eu começo a ficar apavorada.

Algumas pessoas já tiveram perto, quase ou dadas como mortas e dizem que nesse exato momento acontece uma retrospectiva de suas vidas diante de seus olhos (consciência ou imaginação).  Segundo estudos científicos esse fenômeno é conhecido como: experiência de quase morte (EQM).

Mas que absurdo, estamos falando de aniversário, o seu grande dia, a prova de que você já é um vencedor por natureza, o espermatozoide mais esperto de todos. Aniversário é vida! O que tem a ver com experiência de quase morte?

Como disse desde os meus 15 anos de vida, todo ano, dia 22 de janeiro é dia de ver a tal retrospectiva. E olhem só, eu estou vivíssima! Não sei você, mas eu costumo sentar com a minha vida atual e passada e ficar horas tendo uma seria conversa, quase uma sessão de analise comigo mesma.

Bom o que geralmente rola nessas conversas? Ah, o de sempre: o que eu fiz da vida, por quê não estudei mais, por que não fiz medicina, por que não passei o teste pra tirar a habilitação, por que não continuei no teatro, por que não aprendi a tocar algum instrumento musical e assim por diante.

Aí, depois a conversa comigo mesma e muitos questionamentos inúteis, entra num estagio avançado e psicótico e eu, comigo mesma, começo a comparar a minha vida com a dos outros, até a minha mãe entra na onda, e eu chego a dizer que com a minha idade atual ela já era casada e com filho. É como uma TPM, você fica neurótica e quer tudo na hora e um pânico toma conta de você, e até o seu reloginho maternal começa a apitar. Meu namorado que o diga. E você desesperadamente começa a pesquisar vestidos de noivas mas ao mesmo tempo deseja conhecer o mundo.

Mas o que eu estou falando, minha mãe se casou na década de 70, e já estamos no século XXI, mulheres queimaram calcinhas e hoje somos independentes e usamos calças!

Mas a psicose esta só no começo, por que não satisfeita você conecta-se a internet e na sua lista de amigos do Facebook começa a ver seus perfis e os compara com o seu, alguns amigos hoje são profissionalmente realizados, casados, tem filhos, e todo ano viajam para fora do Brasil. Tá alguns nem filhos tem, mas está lá a foto das férias passadas: Eu na Itália, eu em Orlando, eu com o Pateta, eu no Egito, meu fim de semana esquiando no Chile, blá, blá, blá...

Tá, eu sou uma ingrata. Uma jovem velha resmungona. Mas sinceramente eu não me sinto com 27 anos quase 28, acho que esses tempos modernos esse novo milênio acabou nos exigindo mais do que fomos ensinados ou preparados, somos velhos e ao mesmo tempo jovens, cuspidos para o novo século com a mentalidade de que ter um diploma bastava para ter um bom futuro.

Na verdade ninguém nos disse que nesse novo século jovens de 20 anos já são milionários, que faculdade não garante trabalho, que diploma fica melhor  e muita mais cult fotografado e postado no Instagram  do que exposto num quadro na parede. 

Nasci em 1985, e tive uma das melhores infâncias, quem é da década de 80 e 90 sabe do que estou falando, era normal brincar na rua pra se ter uma ideia. E daí então, de repente , BUMMMM Feliz 2000!

 Desde então já se passaram mais de 10 anos de lá pra cá, tanta coisa (eu disse tanta) mudou. Foi tudo muito rápido, veloz, que aquela garotinha que achava um máximo alugar VHS teve que se adequar ao BluRay, praticamente foi aprender tudo de novo, novas tecnologias até certos valores mudaram.

Então sinceramente,  não me sinto com 27 quase 28, me sinto uma nova pessoa vivendo num novo século.



terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Quem disse que trabalhar pode ser ruim? Solteiras tenham esperanças!


Era um dia normal, a rotina de sempre, chegar as 09:30 da manhã no trabalho, trabalho esse que não era um dos mais animadores, tudo bem, fiz bons amigos por lá, e precisava pagar a faculdade, conta não espera, conta cobra e cobra caro.

O telefone não parava de tocar, eu sempre me imaginei jogando ele na parede por diversas vezes, sabe eu odeio telefone, tocando então é castigo. Mas tudo bem era paga praquilo. Meu chefe era gente boa, sempre tivemos um bom relacionamento, só meu salário que nunca se deu bem comigo.

A campainha tocou outra vez, e outra vez eu fui atender. Esse eu já sabia, sempre era informada pelas recepcionistas do prédio. Eu nem me lembro com que roupa eu estava naquele dia, sempre ia trabalhar arrumada, exceto na TPM, sempre fico com cara de louca na TPM.

Então eu abri a porta. Acho que o impacto foi tão grande que eu até hoje não sei bem qual foi a minha reação. Mas eu me lembro como se fosse ontem. Recebi como recebia todos que adentravam aquele lugar, o mais natural possível, mas com ele foi diferente.

Era de praxe sempre que tinha alguém (homem) no trabalho eu avisar minhas amigas para que elas tivessem uma desculpa de ir até mim para ver o cara. Nesse dia uma amiga foi, porque eu enfatizei que era um “broto” (sim adoro usar adjetivos fora de moda) ela foi correndo e com uma desculpa escrachada, entrou na sala e ainda deu um oizinho pra ele.

Meu chefe foi atendê-lo, tentei ouvir o máximo da conversa, foi rápido, logo ele foi embora, e me deixou cheia de esperanças que voltasse. Acho que alguém ouviu meus pensamentos. Dias depois ele foi contratado. Meu mais novo colega de trabalho, pra falar a verdade ele acabou se tornando meu motivo maior de ir trabalhar, afinal meu salário na época nunca me convencera.

Bom qual a primeira coisa que uma mulher faz ao descobrir o nome de um cara que lhe interessa? Pesquisar na internet. Lá fui eu! Redes sociais, eu adoro essa tecnologia a gente descobre cada coisa, mas acabei não gostando muito do que vi. “Relacionamento sério com...” caramba era bom de mais pra ser verdade, tinha que ter algum defeito, o defeito nesse caso era ele ter namorada.
Broxei. Mas mesmo assim nunca levei muito a serio esse status no perfil dele. Não me xinguem, mas mulher é meio bruxa, sempre sente as coisas, lá no fundo nós sabemos, nós vemos. Vá reclamar com Deus se não gostou!

Os dias se passavam e íamos nos conhecendo é tão boa essa sensação de descoberta de afinidade, e tão estranho essa sensação de: “Eu já não te conheço de algum lugar?!”. Sempre fazíamos Happy Hour. E o melhor na maioria das vezes ficava por conta do nosso segundo chefe. Foi numa dessas que fomos os últimos a ir embora.

- Bom eu já vou... (ele disse)

- Você não vai me deixar aqui sozinha? (Eu perguntei)

- Não!!! (Ele afirmou)

- Bom, eu vou pra estação... (Eu disse, me fazendo de desinteressada)

- Eu também, mas preciso passar no caixa eletrônico. (Ele avisou)

- Tá bom, eu vou com você. (Eu decidi)

Desde então nunca mais nos separamos. E lá se vão mais (bem mais) de 365 dias juntos. Bom na verdade 364 dias juntos. Por que 1 dia eu o intimei e fiz ele decidir, acho que deu certo. Porque como disse ele estava no tal relacionamento sério. E eu nunca quis ser a outra, nunca. Mas aconteceu. Hoje eu sei o significado disso. Não dá pra sair julgando. As coisas simplesmente acontecem, por alguma razão e naquele dia começava a minha vez.

É inexplicável como algumas pessoas mexem com a gente, isso me faz acreditar ainda mais que existe mais mistério entre o céu e a terra do que diria nossa vã filosofia. Fato. Mas essas são situações que você só acredita quando vivencia. Como diria Clarisse Lispector: “Toca ou não toca”.

Resumo da opera, nunca fui a outra, fui a escolhida, na verdade tinha chegado a hora, depois de tantos desencontros, alguém resolveu juntar as peças desse quebra cabeça. E pra que isso acontecesse coisas tiveram que ser modificadas.

Bom, é isso quando você menos espera ou quando chega a sua hora, as coisas acontecem. Eu sempre reclamei muito, sempre disse que nunca seria merecedora, que nunca saberia o que era o amor, que nunca saberia o que é amar e ser amada, que nunca saberia como seria pensar na minha vida a dois. Hoje eu sei tudo isso e muito mais.

A vida é um labirinto, alguém desenhou, e te jogou lá e disse: vai! Mas de algum lugar esse alguém fica te observando, e as vezes te dá um toque. O que menos esperamos é o que já esta escrito para acontecer. Hoje eu tenho alguém ao lado que anda na mesma sintonia na mesma frequência, eu me mostrou que as melhores coisas da vida, são inexplicáveis.