segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Guia prático contra arrependimentos



O ano esta praticamente chegando ao fim (a desesperada) mas de verdade, faltam aí 4 meses pra 2013 ir pro brejo, então nada melhor que começar a rever alguns conceitos, fiquem com essa matéria SUPERINTERESSANTE e reflitam.


Guia prático contra arrependimentos


Bronnie Ware era uma australiana com uma bem-sucedida carreira no mundo financeiro, quando se enfezou da vida. Depois de dez anos trabalhando em bancos, juntou a coragem para pedir demissão e viajar o mundo. Foi lavadora de pratos num resort em uma ilha paradisíaca, depois garçonete em um pub inglês - e terminou acompanhante de uma octagenária no interior da Inglaterra. Daí para virar enfermeira foi um passo natural, e Bronnie começou a cuidar de doentes em estado terminal, aqueles sem chance de cura. Como o trabalho era emocionalmente pesado, a australiana começou a se envolver com os pacientes e a observar um padrão. Todos os doentes reagiam de formas muito parecidas com a proximidade da morte: medo, raiva, tristeza - e sempre os mesmos arrependimentos em relação à própria vida. Bronnie começou a anotá-los. Eram eles: 1) Eu gostaria de ter trabalhado menos. 2) Eu queria ter tido a coragem de viver a vida que eu desejava, e não a que os outros esperavam de mim. 3) Eu queria ter expressado mais meus sentimentos. 4) Eu queria ter mantido contato com meus amigos. 5) Eu queria ter sido mais feliz. Pode ser que você não queira pensar nisso ainda ou que você já esteja lá. Mas a verdade é que você vai envelhecer (lembrando sempre que a única alternativa possível, morrer, é bem pior). Melhor então não se arrepender no final.

1. Eu gostaria de ter trabalhado menos.

Essa é universal. Em um mundo no qual um emprego ocupa 40 horas semanais (se você tiver sorte) e tem um significado social mais importante do que os valores morais de uma pessoa (afinal, a primeira pergunta feita quando se conhece alguém costuma ser "o que você faz?" e não "você dá esmola?"), o trabalho anda com um peso desproporcional em relação às outras questões da vida. Nunca se trabalhou tanto - o que indica que esse arrependimento é o do tempo perdido. Antropólogos estimam que nossos antepassados caçadores-coletores não trabalhavam mais do que quatro a cinco horas por dia, sempre procurando ou preparando alimentos. Na Grécia Antiga, um emprego era uma sina terrível: Homero, o autor da Odisseia, escreveu que os deuses odiavam tanto os humanos que os condenaram a trabalhar arduamente como castigo. E a condenação seguiu por milênios. A nossa relação com o trabalho só mudou no século 16, com a ética protestante, aquela que mede o destino das almas depois da morte com base no sucesso profissional durante a vida. Ela foi a culpada por colocar o trabalho no centro da vida das pessoas, onde permaneceu até hoje. Mas há uma crise na nossa relação com o trabalho. De acordo com uma pesquisa da consultoria americana Mercer, feita com mais de 1.200 empregados, 56% dos brasileiros afirmam que consideram seriamente pedir demissão. Para os trabalhadores do Brasil, o principal fator motivacional é o tipo de emprego que ele faz. E é ele que está em conflito. Segundo o filosófo-pop francês Alain de Botton, a crise com o emprego que estamos vivendo é a da falta de sentido. Antigamente, pessoas faziam ou realizavam algo com o seu trabalho: eram padeiros, costureiros, vendedores. Esse tipo de ocupação, que tem uma relação direta com o produto final, quase desapareceu: foi substituído por trabalhos mais segmentados e burocráticos dentro de grandes empresas. É só procurar exemplos na lista de cargos na empresa onde trabalho - o que faz um "gerente de operações pleno" ou um "analista de infraestrutura júnior"? Certamente, algo menos palpável que pão ou roupa. "Procuramos um significado no nosso trabalho, uma sensação de que deixamos alguém melhor com o que fazemos. Ele deveria ser uma chance de criar algo que é mais sólido do que o resto das nossas vidas", diz de Botton, em uma palestra sobre seu livro Os Prazeres e Desprazeres do Trabalho. Deveria, mas, na maior parte dos casos, não é. Ainda assim, poucas são as pessoas que resolvem dedicar menos tempo e energia a seus empregos. A própria Bronnie sentiu isso na pele. "É mais difícil largar a rotina do trabalho do que o trabalho em si. O emprego vira uma grande parte da identidade das pessoas, ao ponto de que não sabem mais quem são longe dele", diz. Essa crise de identidade nos leva ao arrependimento número 2.

2. Eu queria ter tido a coragem de viver a vida que eu desejava, e não a que os outros esperavam de mim.

O ser humano é um animal social. Só chegamos aqui, depois de milênios de evolução, porque aprendemos a criar e manter alianças - seja para caçar comida nos tempos da caverna, seja para fundar impérios ao longo da História, seja para arranjar trabalho e ter com quem conversar no Facebook hoje em dia. Isso quer dizer que buscamos manter e fortalecer relações sociais - e, para isso, queremos agradar e ser aceitos. Uma pesquisa da Universidade de Minnesota testou esse nosso comportamento. Primeiro, colocou voluntários para conversar com mulheres que eles não podiam ver, por meio de microfones. Depois, disse a metade deles que iriam bater papo com moças muito bonitas e, para a outra metade, que seriam mulheres, digamos, menos estonteantes. Imediatamente, os homens que julgavam falar com beldades começaram a ser gentis e engraçados - queriam agradar as moças. Mas o que surpreendeu é que as mulheres do outro lado da linha começaram a entrar no jogo: conversavam como se fossem realmente mais bonitas do que as outras, sem nem saber que haviam sido classificadas assim. Ou seja, atendiam às expectativas dos voluntários.

Agimos assim o tempo todo, das coisas banais do dia a dia, como rir da piada sem graça de um amigo, às grandes escolhas de vida, como decidir que carreira seguir. "As pessoas não tomam decisões por si, tomam pelos outros, porque querem ser queridas. Assim, a felicidade acaba na mão de terceiros", diz Ana Claudia Arantes, geriatra especializada em cuidados paliativos, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O problema é que fazer o que os outros esperam de você tem um lado pernicioso: na verdade, não deixa ninguém feliz. Um estudo da Universidade Estadual da Flórida que analisou seis pesquisas diferentes sobre o assunto, concluiu que quem busca o tempo todo a aprovação dos outros, tem mais chance de desenvolver depressão. Esforçam-se tanto para agradar que se perdem no meio do processo. E, claro, não conseguem fazer o que realmente têm vontade: trabalhar menos, por exemplo, dizer "não" ou...

3 e 4. Eu queria ter expressado mais meus sentimentos e queria ter mantido contato com meus amigos.

Não ter dito "eu te amo" e ter passado pouco tempo com as pessoas queridas são dois arrependimentos que conversam entre si - e são dois dos mais importantes também. E não é a SUPER que diz isso, é o maior estudo de psicologia já feito. O Grant Study ("Grande Estudo", em português) é uma pesquisa que acompanha a vida de 268 ex-alunos de Harvard desde 1937 até os dias de hoje, e que mede todos os fatores de suas biografias para recolher dados sobre saúde, bem-estar e escolhas de vida. E chegou a uma conclusão impressionante: aos 47 anos, o fator que mais previa a saúde e a felicidade de uma pessoa na velhice eram as relações sociais que ela mantinha. Era, claro, o fato de ter um marido ou uma esposa, mas era principalmente a quantidade de amigos que eles cultivaram ao longo dos anos. O estudo concluiu que idosos de 70 anos com amigos tinham 22% a mais de chance de chegar à oitava década. E mais: outro estudo mostrou que quem tem o hábito de dizer a pessoas próximas como elas são importantes se sente 48% mais satisfeito com as relações que mantém. "Os amigos nos dão um senso de identidade - ajudam a nos tornar algo maior do que nós mesmos e a definir quem somos. Não precisamos somente de relações humanas. Precisamos de amigos muito próximos", diz Ed Diener, professor de psicologia da Universidade de Illinois, especialista em felicidade. O que nos leva a...

5. Eu queria ter sido mais feliz.

Essa é de partir o coração. Chegar ao final da vida com esse remorso é mais comum do que parece. Para Diener, que estuda a felicidade há três décadas, ser feliz depende em grande parte das escolhas que fazemos - e não só de alguns poucos eventos de sorte esporádicos. Ou seja, seria bom parar de levar a vida no automático e exercer a felicidade. Pare de confirmar presença no aniversário do amigo no Facebook - e vá de fato. Junte a coragem de dizer para o seu parceiro que você na verdade odeia filmes europeus e prefere ver a sequência do último Homem de Ferro. E ninguém vai morrer se você deixar seu trabalho um pouco de lado de vez em quando (um alô para meu chefe que esperou três meses para essa reportagem ficar pronta). Para Bronnie, as reações de seus pacientes valem ouro: são um guia prático contra arrependimentos. "Como os conselhos vêm de pessoas que estão se preparando para morrer, servem como autorização para você mudar a sua vida também." Está esperando o quê?

Para saber mais

The Working Life: The Promise and Betrayal of Modern Work

Joanne Ciulla, Crown Business, 2001.

Happiness: Unlocking the Mysteries of Psychological Wealth

Ed Diener e Robert Biswas-Diener, Wiley-Blackwell, 2008.


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Gritar, gritar, subir, subir, uou uou uou...



Quem nunca?! Minha mãe vive me dizendo que eu sempre grito ou falo alto em certos assuntos que abordo. Eu acho que o problema não é só comigo, ela e tantas outras se fazem de surdas em certas questões que muitas vezes ou a gente grita, ou desenvolve um câncer em nós mesmos. Eu prefiro gritar.

Não, nem é exagero. Eu sou a favor do: melhor pra fora do que pra dentro. E nunca me conformei com gente que guarda sentimentos, leva certos desaforos pra casa. Tem gente que leva o desaforo pra casa e dá pra outro, mas dá pior forma possível, descarrega toda a frustração e nervosismo em quem não tem nada a ver com isso.

Eu prefiro gritar na hora, xingar e como diria o ator Leandro Hassum em uma de suas peças: um FODA-SE  bem dado, é um palavrão libertador que te desestressa e te coloca no eixo. Um FODA-SE bem mandado dá até sono.

Concordo. Mas também, não generalizo. Imagina se todo mundo resolvesse sair mandando todo mundo ir se foder? Ia ser engraçado, mas o caos e a discórdia estaria proclamado.

Quem nunca, principalmente nós (algumas) mulheres, gritamos, esperneamos, choramos, escandalizamos, algum dia?! Seja por conta de uma ex feia e gorda, seja pela falta de colaboração em casa, seja pelos vizinhos, uma injustiça, um chefe grosso, a sogra, o papagaio, seja lá pelo que for, algum dia já perdemos as estribeiras.

Enumeras putices nos fazem gritar, nem a janela antirruídos, nem porta fechada, nem som ligado no talo é capas de minimizar o estrago ou a sessão de descarrego que tem o poder do grito, o grito é libertador.  E nessas horas nem se atreva a pedir pra pessoa se acalmar, falar baixo, ficar quieta, isso aí é só jogar lenha na fogueira. O esquema é deixar fluir, uma hora termina e te garanto termina bem.

Por isso que não me conformo com gente passiva, gente que tem medo do que os vizinhos vão pensar, quem dera que eles tivessem tanta importância a ponto de vir pagar minhas contas.  Tenho medo de gente que guarda magoas, ressentimentos, desentendimentos. Gente calma demais que nunca “explodiu” um dia, me assusta, essas sim são perigosas, e muitas vezes fazem mal para elas mesmas.

Nem a natureza fica parada. É preciso ter suas tempestades para vir a calmaria. Não estou fazendo apologia ao escândalo, histerismo. Só acho que nada que fica guardado por muito tempo possa fazer bem.  Todos tem o seu jeito particular de lidar com certas situações, mas como eu disse lá em cima, um foda-se bem mandado te devolve a calma e te bota no eixo.


Vai ver é por isso que a indústria farmacêutica fica cada vez mais milionária, por a grande maioria prefere por pra dentro do que pra fora!

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“Porque há o direito ao grito. Então eu grito”.

(Clarice Lispector)