terça-feira, 11 de junho de 2013

Tampando o Sol com a peneira.



Dia desses eu estava fazendo uma faxina básica (quem me conhece sabe que o meu básico é jogar tudo que não serve fora ou doar) na cozinha da minha mãe. Quando terminei uma parte, eu disse com a boca cheia e um suspiro de contentamento: Viu, nada como ter espaço!

Nessa momento minha mãe virou para mim e disse: “não sei pra que guardar espaço vazio”...  Guardar... vazio... eu fiquei pensando...

E cheguei a uma conclusão, assim como a minha mãe, muita gente tem medo de espaços vazios. Digo isso, porque minha mãe tem um grande apego, na verdade ela cria um apego sentimental as coisas, muitas vezes deixa de usar suas coisas novas, seja roupa, objetos, eletrodomésticos, bolsas, tudo, para usar algo que alguém lhe deu ou ela mesma comprou em algum brechó, e esquece que dentro dos armários tá cheio de coisa que ela mal usou ou nunca usou.

Ela, treme toda vez que eu começo uma nova sessão de desapego material em casa, vulgo faxina geral. Ela começa a arrumar desculpas pra tudo que separo tanto lixo ou doação, e olha eu também sei ser bem criteriosa nesses aspectos. Simplesmente não gosto de coisas acumulada, muito de uma coisa só, coisas encalhadas, velhas demais, sem uso, alguém aí fora pode usar ou tá precisando, pra que guardar?!

Pensando em tudo isso e principalmente na frase que minha mãe citou, cheguei a conclusão de que as pessoas, certas pessoas, preferem o acumulo a extravagancia ao desapego seja ele da forma que for, ouvindo minha mãe dizer, pra que deixar espaços vazios, conclui de que ela e tantas outras tem medo desses espaços e o preenchem de tantas formas, só para não lidarem com o vazio, a solidão.

E começa aí, os chamados: acumuladores, obsessores, compulsivos, viciados e etc., que não sabendo lidar com o vazio, fazem de tudo para fugir dele.  

Minha mãe gosta de guardar coisas, tem apego a certas coisas materiais, não chega a ser uma acumuladora, esta longe disso (graças a Deus) mas tem uma grande dificuldade de se desfazer de algumas coisas, ela acha que tudo pode-se precisar um dia, e com essa desculpa, vai guardando potes de margarina e eu vou desfazendo dos mesmos a cada faxina.

Isso ficou mais explicito depois da perda de meu pai, a quase três anos, acho que o baque para ela foi tão grande, depois de mais de trinta anos de casada que ela direcionou essa perda para outras coisas, não sou uma especialista, mas creio que não seja um caso clinico. Pois nada disso atrapalha a sua vida e nem a da minha família.

Tudo isso que contei é mais para elucidar as diferentes formas que algumas pessoas lidam com, perdas e decepções. Podemos usar como exemplo, o tipo de pessoa que não sabe viver sozinho, é infeliz no relacionamento, mas teme a solidão e prefere levar uma vida infeliz do que só, ela ainda não se tocou que é melhor estar só do que mal acompanhado.

Outro exemplo, a pessoa traída, o primeiro pensamento de muitos é, agora vou tocar o puteiro, vou fazer igual fizeram comigo, nunca mais sereia a mesma trouxa. Homem/mulher para mim não vai passar de um objeto. Pra que? Para não parar por um segundo e olhar para si mesma?! Começar uma nova vida, sem jogar para o outro suas frustrações.

A/o solteria(o) que tem medo de ficar sozinha(o) mas por fora, levanta a bandeira do: amo ser solteiro. Tudo bem é uma opção, mas muitas vezes ele usa dessa desculpa, para ninguém ver que mesmo usando vários corpos por aí, suas atitudes mostram que para ele ser feliz solteiro tem de estar com alguém, mesmo que esse alguém seja um para cada dia da semana, mas mesmo assim ele estará acompanhado. Evitando a solidão.

Ninguém merece ser sozinho, ninguém nasceu para ser sozinho, humanamente/geneticamente somos feitos para procriar e ninguém procria sozinho.

Mas todos os exemplos citados acima, de alguma forma, evitam o espaço vazio, evitam confrontar a solidão.  Essa tão necessária em nossa vida, pois somos únicos, cada um, é um, está só, nessa imensidão. O sozinho não quer dizer sem ninguém ao lado, este deve ser um complemento e não a sua razão de viver.

Muitas pessoas camuflam alguns sentimentos em suas ações, em seus vícios, dizem que o cigarro, acalma, tira o estresse. Desculpa mas quando você era bebe e estava com cólica sua mãe não lhe dava um cigarro para acalmar. Você é único e exclusivo responsável pela sua vida, não culpe os outros por suas escolhas, nem os outros nem o que essa humanidade inventou para você se viciar e assim fugir de sua natureza humana.

Sei que mesmo tentando entender e tentando explicara para a minha mãe que não é bacana ter certas atitudes, primeiramente devo entender que cada um tem o seu tempo, cedo ou tarde cai a ficha. Mas se soubéssemos ouvir bons conselhos, pois nunca acreditei que se conselho fosse bom se vendia e muito menos de que o inferno esta cheio de boas intenções, pois quem te ama de verdade quer o seu bem e vai lutar por isso, respiro fundo e uso exemplos alheios para a minha própria evolução, mesmo que sentada num cantinho sozinha para refletir, ninguém consegue conhecer a si mesmo, sem antes mergulhar sozinho dentro de si.


***





 "Aprenda a lidar com a solidão. Aprenda a conhecer a solidão. Acostume-se a ela, pela primeira vez na sua vida. Bem-vinda à experiência humana. Mas nunca mais use o corpo ou as emoções de outra pessoa como um modo de satisfazer seus próprios anseios não-realizados." (Liz Gilbert autora do livro: Comer Rezar Amar)

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